Sobre José, caráter e presença de Deus


A história de José me fascina. Quase 20% do livro de Gênesis se ocupa da história deste emblemático personagem da história da redenção. É comum olharmos para José e vermos, simplesmente, o “menino inocente que foi jogado no poço e preso algum tempo depois”. Minha visão sobre José é um tanto quanto diferente disso. Vejo que José era, na verdade, um moleque absurdamente mimado quando jovem e que precisou ter este caráter arrogante e presunçoso sendo tratado para, então, cumprir os desígnios que Deus tinha para ele.

Penso que José era um tanto quanto mimado e arrogante especialmente pelo que vemos no início de sua história. Pra começar, ele era o filho predileto de Jacó. Era o “garoto da túnica multicolorida”. Além disso, Deus deu alguns sonhos a José. Nestes sonhos, Deus o colocava como alguém realmente grande entre todos e diante do qual todos deveriam prestar profundo respeito, inclusive seus pais. Quando ele conta isso à família, os irmãos se iram profundamente contra ele. Aí começa o tratamento de choque de José.

O menino mimado e predileto foi vendido pelos próprios irmãos para servir de escravo e, embora estivesse vivo, seu pai, Jacó, foi informado de que ele estava morto. Longe da família, longe dos mimos do pai, longe do colo da mãe… este era José sendo tratado por Deus na escola da vida. O tratamento deveria ser muito pesado para “consertar” o caráter do rapaz. Para tal, Deus não simplesmente permite que ele seja vendido como escravo. José também é preso! Tente se colocar na situação de José: de filho predileto a presidiário dado como morto. Nada bom, não? Acontece que tudo isso aconteceu para que Deus quebrasse o coração soberbo de José, dia após dia. O resultado é maravilhoso, no final!

Quando ainda estava na prisão, José ficou famoso por interpretar sonhos (dom que ele mesmo reconhecia que não era dele, mas de Deus – Gn 40.8). Quando Faraó teve um perturbador sonho, um ex-colega de cela de José lembrou-se de que ele interpretava sonhos e, assim, Faraó o chamou e José interpreta o sonho dele, mais uma vez reconhecendo que as interpretações vêm de Deus.

Bom, José achou graça diante de Faraó e foi elevado ao posto de governador do Egito. O segundo homem na hierarquia! Veja bem a mudança: de escravo, passando por prisioneiro, a governador! Deus quebrou o menino mimado para exaltar o homem sensato. Deus fez de José um prisioneiro para que ele pudesse, posteriormente, agir como um libertador. Deus exaltou José.

A história de José é marcada por uma expressão: Deus era com José. A presença de Deus na história deste homem é o que fez toda a diferença. É porque Deus se fez presente que José teve seu caráter consertado. É porque Deus se fez presente que José foi elevado a governador do Egito. E é porque Deus se fez presente na história de José que o próprio Cristo veio habitar entre nós. Sim, eu sei que parece não ter nada a ver uma coisa com a outra. Só parece.

Quando José era governador do Egito, grande fome passou a existir na terra. Mas no Egito havia mantimento. A família de José – seu pai e seus irmãos – morreria de fome se não conseguissem mantimento no Egito! E Cristo nisso tudo? Bem, se a família de Jacó morresse de fome, Cristo não viria. Cristo é descendente de Judá, mas se Judá morresse de fome, como Cristo viria ao mundo? Deus, em sua soberana providência, fez com que José fosse para o Egito para ser o preservador da semente messiânica.

É fato que, muitas vezes, passamos por situações para as quais não conseguimos encontrar explicação. É possível que esses momentos difíceis da vida sejam profundamente usados por Deus para corrigir falhas em nosso caráter, para nos levar à prisão, mas, também, para nos usar em seus planos.

Lute contra a soberba, lute contra a prepotência, lute contra a arrogância. Não permita que isso encha seu coração e você pense de si mesmo além do que convém. A Palavra é muito clara ao dizer que Deus resiste aos soberbos, mas aos humildes concede a sua graça (1Pe 5.5). Deus foi duro com José em todo o tempo em que ele se mostrou soberbo, mas o agraciou sobremaneira quando sua humildade passou a ser notada.

Além disso, não se esqueça da presença viva de Deus em sua vida. Mesmo que tudo pareça dizer o contrário, Deus sempre está presente. E, amigo, a presença de Deus é o que pode nos encorajar na caminhada da vida cristã. Saber que o Rei dos reis está junto de nós renova o fôlego, renova o desejo de servir, renova o amor e renova a esperança.

Quando Deus está presente em nossa vida, sempre seremos tratados e sempre seremos exaltados. E, se a exaltação não se der aqui, na terra, ela se dará, de forma plena, perfeita e inabalável do lado de lá, na eternidade com Ele.

Descanse no Senhor. Aprenda a ser corrigido pelo Senhor. E viva, dia-a-dia, a presença do Senhor.

N’Ele,

Arthur Corrêa

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