O que fazer em meio à crise? - Miquéias 7:7

“Eu, porém, olharei para o Senhor e esperarei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá.”

Introdução:
Como lidar com a crise? Talvez esta pergunta seja feita por muitas pessoas, em muitos lugares diferentes ao longo dos tempos quando estão passando por um momento difícil, quando estão passando por uma crise.
Infelizmente, muitas pessoas que passam por crises não tiram proveito disso. Enfrentam as crises sem levar nada de bom, sem extrair nenhuma lição para a vida, sem aprender. Afinal,  as crises, não acontecem em nossa vida por mero acaso. Deus permite que passemos por por crises, para nos ensinar algumas coisas. A crise, na verdade, é uma escola, tem um grande valor pedagógico.
O grande problema é que, na maioria das vezes, as pessoas que passam pelas crises e não tiram nada de bom delas o fazem pelo simples fato de não saberem como lidar com as crises. Não conseguem aprender com as crises da vida, pois não sabem o que fazer em meio à crise.
Afinal de contas, que atitudes devemos ter para que aproveitemos a crise para crescer, para aprender, e para superarmos bem estes momentos difíceis em nossa vida?



Miquéias nos mostra três atitudes essenciais que devemos ter quando estamos no meio de uma crise. Miqueias pode nos ensinar justamente pelo fato de ele estar imerso em um contexto de crise. A nação vivia em meio ao caos! A SBB intitula esta perícope, de Miquéias 7:1-7, de “A corrupção moral de Israel”. Título muito bem colocado, afinal, é só observar o texto e veremos em que estado a nação de Israel se encontrava:
  • · Não havia mais pessoas retas (v. 2)
  • · Praticam o mal com diligência (v. 3)
  • · O juiz aceita suborno (v. 3)
  • · A melhor pessoa é como um espinheiro (v. 4)
  • · Não se pode confiar nos amigos (v. 5)
  • · Há contendas dentro das famílias (v. 6)
Estes são os acontecimentos relatados apenas no capítulo 7, fora os que são relatados nos outros capítulos, como: falsos profetas, feitiçaria, idolatria, cultos desagradáveis a Deus. Ou seja, o que observamos aqui é um contexto de grande caos, de profunda crise!
E o profeta? Como Miquéias reagiu diante disso tudo? Que atitudes o profeta tomou em meio à esta crise, em meio a esta situação caótica, e que nós devemos tomar também quando estivermos passando por uma crise, por um deserto, por uma situação difícil em nossa vida?

1ª Atitude – Manter o foco em Deus (v. 7a):
O texto vai nos dizer que a afirmação de Miquéias em meio aquele caos imenso foi: “Eu, porém, olharei para o Senhor…”. Vejamos bem que atitude extraordinária!
Em uma nação que estava voltada para si, para seu prazer, para o seu próprio umbigo, nem pensando em buscar a direção de Deus, em ter um foco definido, Miquéias faz diferente e tem um foco, ele decide manter-se focado em Deus!
Às vezes costumamos manter o foco em Deus somente quando tudo está bem, quando não há crise, quando a tranqüilidade reina em nossa vida. Contudo, quando a crise aparece, quando o caos se instaura, tiramos o foco de Deus e olhamos pra todos os lados procurando por uma saída, por um escape, por salvação. Mas quando tiramos o foco de Deus, quando olhamos para o lado, aí é que a crise não termina fácil. Aí é que a crise só piora, pois estamos olhando para o lado errado, estamos buscando salvação em lugares que não encontraremos!
Em meio à crise, é absolutamente fundamental manter o foco em Deus, manter os olhos fitos no Senhor, pois assim seremos direcionados por Ele a agir corretamente e tirar proveito da crise.
Isto me lembra a comparação que o autor da carta aos Hebreus faz em Hebreus 12. O escritor compara a vida cristã a uma corrida na qual precisamos estar livres de todo peso ao corrê-la e precisamos olhar firmemente para o autor e consumador da nossa fé, que é Jesus Cristo. Se não mantivermos nosso foco em Deus, vamos tropeçar nesta corrida. E a crise só vai aumentar.
Lembro-me aqui de outro fato bíblico, desta vez registrado em Números 13. Dez, dos doze espias enviados por Moisés à terra prometida voltaram com um relatório completamente fracassado, dizendo que as cidades eram fortificadas demais, que eles eram como gafanhotos, que haviam gigantes lá… estes homens perderam o foco. Ao invés de olharem para Deus, olharam para os gigantes, olharam para as fortificações. O resultado nós já conhecemos.
Quando mantemos o foco em Deus, nós tiramos os olhos das nossas vontades e passamos a viver pela vontade de Deus. Tiramos os olhos do nosso eu, do nosso querer, das nossas fraquezas e passamos a depender mais de Deus, passamos a querer o que Ele quer para nós, a lutar pela força dele. Não oramos para mudar a vontade de Deus, mas para que Deus nos mova em direção à sua vontade.
Portanto, é absolutamente necessário que mantenhamos o foco em Deus para que passemos pela crise triunfantes e tendo aprendido preciosas lições.

2ª Atitude – Manter viva a esperança em Deus (v. 7b):
A segunda atitude que Miqueias nos ensina é absolutamente dependente da primeira. Quando nós mantemos o foco em Deus, nossa esperança estará somente nele. A nossa esperança em meio à crise precisa estar firmada no nosso Senhor que nos livrará desta crise!
O profeta aguardava pela ação do Senhor para o livrar da crise. A esperança de Miquéias em Deus era uma esperança viva, confiante que Deus iria realmente agir em seu favor!
Deus é o autor tanto da nossa bendita e eterna salvação quanto da salvação que tanto necessitamos em meio às crises que nos sobrevêm.
Há um ditado muito comum que diz que “a esperança é a última que morre”. Não é assim na vida cristã. A nossa esperança, a verdadeira esperança, esperança que não se desespera mesmo em meio a crise, esta esperança não morre. Nossa esperança não se baseia numa possibilidade, mas numa certeza. A vida cristã é baseada em certezas, não em possibilidades.
Nossa esperança é a esperança de que, quando estamos com Deus, sempre existe a certeza de um novo dia, seja aqui, na terra, livres das crises, ou do lado de lá, na eternidade, gozando dos privilégios que lá teremos.
Às vezes, em meio às crises, somos tentados a desistir, somos tentados a ceder às tentações que aparecem prometendo nos tirar da crise facilmente. Mas isto só acontece quando perdemos o foco, aí a nossa esperança se desespera e a crise piora.
Quando mantemos viva nossa esperança em Deus isto prova nossa fé nele. Isto evidencia que nossa fé é verdadeira, que nossa devoção a Ele é sincera e que podemos, de fato, sermos chamados de filhos de Deus.
É notável a sequência das atitudes de Miqueias para enfrentar a crise vitoriosamente: ele mantém o foco em Deus, isto faz com que sua esperança permaneça viva no Senhor e isto gerará uma certeza em seu coração, que é a demonstração da terceira atitude do profeta.

3ª Atitude – Verdadeira comunhão com Deus (v. 7c):
Miqueias tem uma certeza em seu coração: o seu Deus o ouvirá. Esta é a linguagem da fé e da comunhão com Deus. Miqueias sabia que Yahweh era o seu Deus. Miqueias sabia que estava incluído no pacto de Deus com seus pais. Isto lhe confortava o coração e lhe dava plena convicção de ser ouvido pelo Senhor.
A crise muitas vezes serve para estreitar os nossos laços de comunhão com Deus. Serve para nos mostrar que somos dependentes de Deus, que nada somos sem Ele, mas que, se estamos com Ele, se mantemos comunhão com Ele, podemos crer que nossas orações serão ouvidas.
Estar com Deus, viver em verdadeira comunhão com Deus é um grande privilégio de seus filhos. Precisamos aprender a desfrutar mais deste privilégio especial.
Desfrutar da companhia de Cristo e manter a confiança inabalável foi algo que os discípulos não fizeram em certo momento. O relato de Marcos 4:35-41 nos mostra que Jesus e os discípulos estavam navegando. Jesus começou a dormir, e de repente, sobreveio grande tempestade. Os discípulos ficaram desesperados e quando viram que Jesus dormia se desesperaram mais ainda e acordaram ao Messias dizendo: “Não te importa que pereçamos?”. Imediatamente Jesus desperta e repreende a tempestade, acalmando o tempo. E logo em seguida pergunta aos discípulos: “Por que não tendes fé?”.
Quão difícil seria ouvir isto do nosso Mestre! Se estivermos em verdadeira e intensa comunhão com nosso Senhor, isto nos fortalecerá a fé, mesmo em meio a intensas tempestades.
O melhor jeito de lidar com as crises é tendo convicção de que, mesmo sabendo que lá fora ruge a tempestade, está tudo bem porque Jesus está junto no barco.
Não devemos desejar uma vida sem crises, sem tempestades. Devemos ter tão grande fé, e tão verdadeira comunhão com o Senhor para que, quando vier a tempestade possamos dizer: “Tá tudo bem, Jesus tá no meu barco.”
Que possamos, de fato, compreender que tempos de crises também devem ser tempos de esperança, de aprendizado, de fé, de comunhão. A crise não pode passar por nossa vida sem que aprendamos com ela.


Que Deus te abençoe.


Paz e Bem!

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