QUAIS SÃO ALGUMAS RESPOSTAS PECAMINOSAS AO PECADO?


As respostas pecaminosas ao pecado são tão numerosas que uma lista completa é impossível. Entretanto, um exame de dez respostas pecaminosas em particular ao pecado pode nos ser útil para que não respondamos pecaminosamente ao pecado, e sim com arrependimento. Este tipo de entendimento ajuda devido ao fato que os pecadores, com frequência, são pecaminosos em como falam acerca de seu pecado e na maneira como respondem a ele. Si os amamos, devemos estar conscientes de suas táticas. Por outro lado, também temos que examinar continuamente nossas próprias respostas ao pecado, esforçando-nos para revelá-lo.

1. Existe a tendência de minimizar o pecado. Isto é, é muito simples comparar o nosso próprio pecado com outros aparentemente maiores e mais odiosos, a fim de minimizar a culpa.

2. Existe a enganosa crença de que o meu pecado é diferente de qualquer outra pessoa porque tenho boas razões que o legitimam. Às vezes isto vai ao ponto de dizer que, pelo fato de Deus ter utilizado em sua graça o pecado para algo bom, está bem que o pecado ocorra. Este é um mal horrendo porque utiliza a graça de Deus – a qual atua apesar de nosso pecado – para representar nosso pecado como uma virtude, e não como um vício.

3. Existe o erro comum de racionalizar o pecado como algo aceitável devido a algumas circunstâncias atenuantes. As pessoas que racionalizam seu pecado comumente esgotam a seus ouvintes expondo sua perspectiva sobre seus motivos e as condições relacionadas com seu pecado em um esforço por obrigar a outros a simpatizarem-se com elas e desculpar seu pecado desta forma. Ed Welch disse: “O pecado é demência ou loucura. É irracional, alucinante e não razoável. Não tem nenhum sentido à luz do amor de Deus para conosco.”[1].

4. Existe a culpa relegada, na qual alguém é culpado pelo pecado de outro. Esta foi a tática de nossos primeiros pais no jardim, onde Eva culpou a Satanás por seu pecado, e Adão culpou a Eva e culpou a Deus por tê-la criado.

5. Existe a distração, quando tratamos de fugir de nosso pecado, por exemplo, dizendo que estávamos só brincando, que alguém nos interpretou mal, ou que a pessoa que nos confrontou com nosso pecado não foi tão amorosa como gostaríamos e feriu nossos sentimentos. Estas táticas de distração são formas sutis e enganosas com as quais os pecadores trocam o tema de seu pecado em um esforço para não serem confrontados com ele, ou com a obrigação de se arrependerem.

6. Existe a confissão parcial, onde só compartilhamos uma parte de nosso pecado. Em nosso orgulho, ao invés de dizer simples, clara, veraz e completamente tudo o que fizemos, é comum confessar apenas uma parte do pecado.

7. Existe o que Paulo chama de “a tristeza do mundo”[2], onde nos limitamos a lamentar as consequências de nosso pecado. Não nos arrependemos de nosso pecado até que o façamos morrer porque, fora disto, só lamentamos os seus efeitos, não o pecado propriamente dito.

8. Existe a vitimização, onde parecemos tristemente impotentes e sem poder fazer nada de outra forma, atribuindo a alguém (por exemplo, pais, Satanás, um abusador passado) ou algo (por exemplo, os genes, a cultura, a personalidade) como responsáveis pelo meu pecado. O objetivo da vitimização é obter simpatia e empatia em lugar de recriminação, e é uma ofensa para as verdadeiras vítimas que tem sofrido realmente o pecado.

9. Existe a confissão isolada, quando dou nome ao pecado, mas não me arrependo dele e não o levo à morte pela graça de Deus. A confissão isolada é incrivelmente manhosa porque as pessoas que a praticam reconhecem seu pecado, demonstram arrependimento e pedem perdão, mas não mudam e somente persistem em seu pecado; isto revela que não estavam verdadeiramente arrependidas e dispostas a fazer morrer seu pecado porque Jesus morreu para isto.

10. Há uma tendência crescente de se falar do pecado nos círculos de aconselhamento secular mais como uma enfermidade do que como uma ofensa perversa. De fato, como um vício ou como uma enfermidade, o pecado afeta todo o nosso ser; é doloroso, trágico e conduz à morte. Entretanto, há muitas formas em que o pecado não é como uma enfermidade, porque o pecado é algo que fazemos e não algo que contraímos, e é algo que confessamos e não que satisfazemos[3]. Ou seja, falar do pecado como uma enfermidade é um esforço mais para nos desculparmos e para que nos livremos da culpa por nossas más ações.

Tudo isto é importante porque se supõe que devemos amar aos pecadores, e para amá-los devemos levar o pecado a sério, como Deus faz. Se não o fazemos, roubamos aos pecadores – inclusive nós mesmos – da dignidade com que Deus nos dotou como portadores de sua imagem. De fato, como Plantinga afirma: “Devemos pagar aos malfeitores, inclusive a nós mesmos, com o ‘perfeito louvor’ de levá-los a sério como agentes morais e de exigir que prestem contas por seu mal proceder. Esta é uma amostra de nosso respeito por sua dignidade e valor como seres humanos”[4]. Não fomos feitos para o pecado, e permitir que os pecadores respondam pecaminosamente ao seu pecado sem serem confrontados por ele é uma falta de amor a Deus e muito pouca ajuda para eles.

FONTE: Mark Driscoll, Gerry Breshears. Doctrina – lo que cada cristiano debe crer. (Carol Stream, Illinois, USA: Tyndale House Publishers, 2014), p. 164-166
TRADUÇÃO: Arthur Corrêa

PS. Gratidão ao amigo Paulo Menotti que me auxiliou na tradução de alguns trechos deste texto.
                                                           



[1] Edward T. Welch, The Madness of Anger, Journal of Biblical Counseling 24, nº. 4 (2006), 26.
[2] 2Co 7:10
[3] Ver Edward T. Welch, Addictions: New ways of seeing, new ways of walking free, Journal of Biblical Counseling 19, nº. 3 (2001): 19-20.
[4] Plantinga, Not the way it’s supposed to be, 68.

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