Eu sou mesmo um cristão?

interrogaçãoHá cerca de dois meses li um livro que tem o título deste texto. É um ótimo livro, recomendo-o com entusiasmo, pois o mesmo nos faz refletir sobre alguns aspectos de nossa vida que, muitas vezes, precisam ser corrigidos e nem nos damos conta disso.

Temos o hábito de pensar que ao fazer a pública profissão de fé, ao batizar-se numa igreja evangélica, ao ler a Bíblia, estamos habilitados a sermos chamados de cristãos. Mas será que é só isso? Será que ser cristão não exige nada mais de nós? Não requer um comprometimento maior de nossa parte? Certamente que sim.

Gostaria de apresentar brevemente aqui dois tópicos abordados pelo autor, Mike McKinley, no livro dito acima (na verdade, peguei mais o tema, a argumentação não está baseada diretamente do livro), e o último que é por minha conta mesmo. São afirmações que devem nos fazer refletir sobre o nosso cristianismo e nosso modo de vida. Vamos lá:

1) Eu não sou um cristão simplesmente por gostar de Jesus: há muitas pessoas que tem esta visão de cristianismo. Creem que simplesmente por acharem Jesus um “cara legal”, são cristãos! Mas cristianismo é algo muito mais profundo do que isto. Rev. Ronaldo Lidório disse certa vez que o cristianismo não é feito de adesões, o cristianismo é feito de relacionamento! Cristianismo é isto! Tem a ver com relacionamento, com comprometimento com Jesus, com o Seu Reino, com a Sua obra! Só gostar de Jesus não te faz um cristão. Do mesmo modo que só gostar de uma música de rock faz de você um rockeiro. Você é um cristão se realmente crê em Jesus em todos os aspectos da vida e se compromete com Ele em todas as áreas de sua vida. Esta é a chave: comprometimento integral! Não dá pra ser mais ou menos comprometido com Cristo. Não dá pra conceber Jesus apenas como Salvador e não como Senhor. Cristianismo autêntico depende de um correto entendimento da pessoa e obra de Cristo e de um verdadeiro relacionamento com ele.

2) Eu não sou um cristão se eu gosto do pecado: o verdadeiro cristão, aquele que realmente foi transformado pelo Espírito Santo para viver em santidade e compromisso com Cristo não gosta do pecado. Pelo contrário, ele ODEIA o pecado! Ele foge da tentação, ele foge do erro, ele foge de ofender a santidade de Deus. O apóstolo João trata muito da relação entre o pecado e a vida cristã, e ele faz uma exortação seríssima: “Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu.” (1 João 3.6). O verdadeiro cristão não se compromete com um mundo onde o pecado é algo normal. O verdadeiro cristão revoluciona, anda na contramão, nada contra a correnteza, é um verdadeiro ET neste mundo, sem, contudo, ser alienado! Não podemos ser conformados com as atitudes deste século, antes, devemos ser agentes de transformação! Não, não podemos gostar do pecado se somos realmente cristãos! Você é um cristão se odeia o pecado e luta contra ele, e não ao lado dele!

3) Eu não sou um cristão se eu não gosto da Igreja: ora, você já imaginou ser muito amigo de alguém mas detestar a noiva dele? Pois é, muitas pessoas têm agido assim com relação a Cristo e à sua noiva, a Igreja. É impossível ser um cristão genuíno, um cristão verdadeiro se não houver um real comprometimento com a Igreja. Verdadeiros cristãos AMAM a igreja, mesmo com seus defeitos, com suas falhas, com suas dificuldades! Não dá pra ser cristão e não assumir um compromisso com a igreja. Gosto de algo que Chuck Colson disse uma vez: “A igreja não é algo que se suporta, mas algo em que se entra com alegria. Talvez você não goste dos sermões, ou pode ser que a música o perturbe num dado domingo, mas essas coisas são triviais se comparadas ao próprio ato de dedicar-se a fazer parte do Corpo de Cristo e participar plenamente.”[1]. Você só pode ser considerado um cristão se realmente ama a igreja, se realmente dedica-se a ela, se realmente entende que Cristo tem um propósito singular para ela.

Não dá pra ser um cristão “fake”, um cristão tão falso quanto uma nota de R$ 3! Nosso cristianismo precisa ser autêntico, genuíno, absolutamente verdadeiro, como verdadeiro é o Deus que é a razão da nossa fé. Mas, afinal, como este cristianismo poderá ser evidenciado como verdadeiro? Simples! Viva a Escritura! Ela te conduzirá a um caminho através do qual você realmente amará ao Senhor Jesus e desejará ter profunda comunhão com ele. Ela te conduzirá a caminhos cada vez mais distantes do pecado e te auxiliará a amar a santidade. Ela te mostrará quão preciosa é a igreja, como Cristo a ama e como você também deve amá-la.

Portanto, “Eu sou mesmo um cristão?” é uma pergunta que deve ser feita por nós diariamente. Precisamos sempre reafirmar e reavaliar nossa fé, nosso compromisso com Jesus, nosso cristianismo verdadeiro.

N’Ele,

Arthur Corrêa

PS. O livro do McKinley pode ser encontrado aqui.


[1] COLSON, Charles apud DEYOUNG, Kevin; KLUCK, Ted. Por que amamos a Igreja (São Paulo: Mundo Cristão, 2010), p. 151.

Comentários

  1. Caro Arthur

    Os discípulos foram chamado de cristãos. Esta afirmação deixa claro que foi o testemunho da igreja local que provocou no povo a conceituação. Os discípulos não se intitularam cristaõs. Este fato deve chamar nossa atenção para a realidade bíblica de que quem define se sou cristão ou não é a percepção do outro. Se não há qualquer manifestação por parte do outro a respeito do meu testemunho como igreja do Senhor, somos iguais. O verdadeiro cristão não se intitula cristão, os outros se encarregam de chamá-lo.
    Forte abraço.

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  2. Grande Marcelo!

    Colocação interessante e bem lembrada! Concordo que devemos ser verdadeiros cristãos ao ponto de que os outros possam nos chamar assim. Contudo, creio que isto não exclui a ideia de que devemos nos examinar constantemente acerca da nossa fé, afinal, isto é bíblico (1 Co 11.28), bem como rogar ao Senhor que sonde o nosso coração (Sl 139).

    Concordo contigo no ponto em que os outros devem, de fato, nos ver como cristãos. Mas não é somente a opinião alheia que vai contar nisto, visto que há o testemunho interno do Espírito Santo em nós.

    No mais, grande abraço, ótimas férias e obrigado pelo comentário!

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  3. Olá Arthur, vc tem o livro: Eu sou mesmo cristão? de Mike McKinley em pdf? poderia me enviar? mmeu email é:
    reverendo_rovida@hotmmail.com

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  4. Irmão, não tenho. Recomendo que o adquira na Editora Fiel ou outra livraria.

    Abraço.

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